A gangorra da vida cristã se dá, muitas vezes por uma pseudo-espiritualidade que constrói o edifício da vida cristã sobre o frágil pilar das emoções. Nessa condição, muitos iniciam a caminhada como ferozes máquinas de corrida: vão de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos. E terminam (quando terminam) como um carro de quinta categoria. Será então natural que haja uma diferença tão grande de “desempenho”? Como pode uma fornalha ardente se tornar um sôfrego pavio fumegante, ou ainda pior, se apagar justo quando o adensamento das trevas ao redor clama por luz e calor?
Jesus se dedicou tanto ao ensino porque sabia que só a conversão da mente (e essa é a verdadeira libertação) pode fazer um homem perseverar, mesmo diante das adversidades. Suas palavras eram algumas vezes duras e não soavam agradáveis ao ouvido do povo. Pelo contrário!Houve caso em que a veemência de seu discurso disperou o povo ouvinte (e é exatamente o que nossos pregadores mais temem, a desaprovação popular) (Jo 6:41-71).
Contudo, não muito longe, Jesus diz a célebre expressão:”Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32). O conhecimento, que hoje está tão repudiado em favor de “experiências” é o meio que Cristo elegeu para a liberdade e isso se dá, evidentemente, no campo intelectual. Não é uma experiência emotiva, ou uma situação parasitária que se aproveita de um abalo emocional. A libertação que se dá em Cristo ocorre nos parâmetros da consciência, esta agora conduzida pelo Espírito Santo à luz da revelação da verdade (2Co 10:4,5). A emoção aqui não é excluída ou alijada como persona non grata, mas está relegada à sujeição à Palavra, e não o contrário.
Isso é fé, é viver pela fé, ou seja, pela revelação, mas essa revelação se dá no campo intelectual. É revelação porque o conhecimento de Deus não passa pelo método empírico da ciência. Deus precisa se revelar a nós para que possamos entender o Plano.
Mas grande parte dos cristãos confundem isso com uma experiência emotiva que serve de marco inicial para uma experiência religiosa, que nada mais é do que uma sucessão de experiências emotivas intercaladas por períodos de esfriamento espiritual. Assim, vivem de experiência em experiência.
Ficam entediados quando lhes propõem ensino sitemático e prática das escrituras. Estão sempre em busca de sensações, são escravos de sentir algo e nesse estágio, as sensações funcionam como uma droga que lhes impõe um modo único de alcançar a Deus, ao divino, o estado de êxtase, o barato. Quando essas sensações são suspensas, eles murcham, se enfraquecem, se entregam ao pecado, não conseguem ver Deus em nada, vasculham em busca de um primeiro amor que sequer existiu. Na verdade, foi apenas uma paixão de adolescente.
Por Wagner Agnello
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