Complexo J
Um remédio para a alma, coração e ouvidos!
Como já comentado na postagem “O coração poeta de Janires”, na explosiva atmosfera dos anos oitenta, o Rebanhão funcionou como a centelha que daria partida à série de outras explosões musicais que sacudiriam as tradicionais bases da música evangélica de até então. Embora não tivesse sido a primeira banda de rock evangélico, o Rebanhão alçou projeção tal que pôde influenciar depois de si, muitas bandas que passaram a brotar com a proposta semelhante. Contudo, não eram cópias rasas, privadas de qualquer autenticidade. Pelo contrário, se havia uma irmandade na proposta (e até quem sabe na abordagem) as novas bandas possuíam sua própria identidade.
Nessa esteira surgiu o “Complexo J”. A originalidade começava pelo nome que simulava o complexo vitamínico das vitaminas B1, B2, B3... Contudo substituíram a letra B pela J em alusão a Jesus como o remédio para a humanidade doente.
Como as demais bandas do gênero recém-nascido, sua letra tinha um apelo jovem, uma conotação que, embora fosse cristã não soava religiosa pela sua própria sonoridade como também pela linguagem empregada. A música-título do primeiro álbum é um belo exemplo da proposta do grupo: a música começa narrando uma vida sem muito significado, mas conjugando os verbos no tempo passado. Mostra elementos que pintavam uma vida em busca de significação através de atividades, tentativas de matar o tempo numa praia ou num bar, a música partia para um confronto direto no sentido de desmascarar as desventuras do homem sem salvação. Nessa levada, vão mostrando o vão esforço do homem em busca de sentido longe de Deus. Até que o encontro com Cristo é trazido à tona e os verbos passam a ser conjugados no presente. Suas letras possuíam um conteúdo que sempre evocava cenas da vida mundana que trazidas à sua verdadeira dimensionalidade revelam-se vazias, sem forma e sem sentido. Para tal empregavam o rock progressivo que dava cor e tom às mensagens aqui era a música que favorecia a mensagem e não o contrário. Também digna de nota no primeiro álbum é a música “Brasil”, belamente executada pela Liza Zagaglia e junto com “Espaço Sideral” e “Solidão”, teve grande repercussão no tempo de seu lançamento e até hoje ocupa lugar é bastante relembrada. Outros sucessos da banda foram “Ressuscitou”, “Sábado Quente”, entre outras.
Nessa proposta, a banda alcançou projeção além do meio evangélico, mesmo pelas suas letras de teor preponderantemente evangelístico e seu ritmo pop, bastante envolvente. Seu som penetrou casas de shows, teatros, espaços culturais, universidades e muitos outros lugares inconvencionais para um grupo de música evangélico. Sua projeção chegou a ponto de estampar a primeira página do caderno cultural de grande circulação no Rio de Janeiro e participarem de programas de entrevistas do Jô Soares. E tudo isso no início dos anos 1990!
A banda continua ainda hoje na ativa, destilando seu remédio e sua agenda e mesmo seu repertório podem ser conferidos na sua página na web:
www.complexoJ.com
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