Que venha a perseguição!
Por Ariovaldo Junior
Bom
mesmo é quando a igreja é perseguida a ponto de não poder alugar um
prédio. Pra começar, não ficamos preocupados durante todo o mês com a
arrecadação de dízimos e ofertas. Não haveriam despesas fixas tão
asfixiantes. Não seria preciso usar Malaquias fora de contexto para
forçar as pessoas a ofertarem por medo do devorador.
Não
incomodaríamos nossos vizinhos com os ensaios do louvor. Não teríamos a
“dona Maria” reclamando todos os sábados a noite do barulho bem na hora
do Jornal Nacional. E o pior é que eles tem razão em reclamar. “Graças a
Deus” eu não moro vizinho de minha própria igreja. Deve ser muito bom
poder louvar a Deus apenas com sussurros. Não sei se a maioria das
pessoas já parou para imaginar que isso é totalmente possível.
Bom
mesmo é quando não precisamos investir em decoração e multimídia
valores exorbitantes e muitas vezes superiores ao que gastamos com
pessoas. É muito bom quando precisamos que cada um traga uma cadeira de
casa. É muito bom quando somos poucos e não é necessário
ar-condicionado. Basta ligar um ventilador, ou mudar o culto para outro
local mais fresco.
Bom
mesmo é quando não podemos pagar a ninguém para ficar por conta do
“rebanho”. Todos compartilhariam da responsabilidade de cuidar de seus
irmãos. E se algum irmão for “separado” para a dedicação exclusiva no
ministério, poderíamos compartilhar com ele apenas suas necessidades
básicas e na medida de nossas possibilidades. Cada prato de comida teria
um sabor especial para quem o recebe. Seria muito diferente de poder
comprar sua própria comida. Servir ao ministério seria de fato um ato de
renúncia.
Bom
é quando não podemos usar microfones e, então, precisamos falar do
evangelho no mesmo volume dos ouvintes. Então a pregação se torna viva e
participativa. Acabam-se as circunstâncias em que ficamos horas e horas
seguidas ouvindo alguém falar de cima de um palco. Se não conseguimos
prestar atenção em quem berra num microfone, é por que o assunto deve
ser realmente desinteressante. Mas por que será que preferimos culpar as
pessoas ou o “espírito de distração” por nossa irrelevância?
Bom
é quando nossa casa não pode ser referência de reunião, sob risco de
sermos presos. Bom é quando nossa vida não pode se tornar referência de
conduta, sob risco de sermos mortos. Fica tão mais fácil discernir quem é
ou não discípulo de Jesus. Poucos se arriscariam fingindo ser crente
sob o risco constante de ser perseguido. Não seria necessário gastar
palavras em pregações combatendo a religiosidade do povo.
Bom mesmo é ser crente em países muçulmanos.
Eu disse que estas coisas todas são boas. Não disse que eram fáceis!